30.4.09

Uma campanha de saúde



Minha irmã enfermeira explicou em linhas gerais essa gripe suína. O porco não fica necessariamente doente, mas é um portador são, que não manifesta sintomas.

(Que bom que eu já estava mesmo parando de comer presunto desde que assisti ao filme Earthlings...)

Ela explicou também um lance que eu não sabia. Epidemia é um termo que relaciona-se a país ou região. É geograficamente mais limitado. Pandemia é um lance digamos, mais universal, que atinge o planeta, e que, por isso causa um alarde mais histérico. Ela completou a explanação dizendo que acredita-se que esse vírus é um upgrade letal dos seus primos antigos, os vírus da Influenza e da Gripe espanhola, responsáveis por dizimar a população da Europa em tempos idos.

Me pergunto se esta porqueira atual não seria mais uma invenção dos laboratórios para ganhar uns cascalhos a mais em tempos de crise econômica. Pânico gera prejuízo para uns e lucros para outros, isso é fato.



Lembram-se da gripe aviária (já ia escrever "aviática", quá, quá, quá...), a que matou um número ínfimo pessoas mas ainda assim causou o maior rebuliço no nosso galinheiro planetário? Nunca antes soletrou-se tanto "apocalipse" em matérias de jornais...

Sabemos que, hoje e sempre, morre mais gente de malária, febre amarela e aborto com agulha de crochê infectada, do que dessas doenças exóticas. Mas nem por isso os jornais vão gastar tinta e papel para imprimir desgraças de pobre em letras ultra bold (ia escrever garrafais, mas, refletindo, não sei porque inventaram este termo).

Para espantar essa urucubaca de doença, lanço aqui junto aos meus 5 leitores uma campanha. Divulguem junto aos seus amigos desenhistas, criativos e demais espíritos de porco.

Máscara cirúrgica anti-uruca!



Copiem o arquivo e postem em seus blogs, twitters e demais invencionices midiáticas interpessoais. Vamos ver se coisa boa se espalha com a mesma velocidade que bosta de urubu quando cai do céu.

Não deixe de conferir o excelente link sugerido pelo Bernardo, ali no box de comentários deste post. Leitura fundamental para este momento tão esquisito da espécie humana.

28.4.09

Desenhando com intuição e ousadia


O desenho é uma importante ferramenta de expressão e de comunicação para quem cria. Através dele damos visualidade ao pensamento, corpo às idéias e ainda expandimos nossa capacidade de percepção do mundo que nos cerca.

Por isso desenhar é fundamental!

A partir do dia 10 de Maio as manhãs de domingo no Estúdio MArimbondo (no Rio) serão do curso Desenho Dinâmico.

O programa traz uma proposta bastante original no ensino do desenho de observação, inspirada nas aulas "Drawing on Location" que cursei na School of Visual Arts.

No Desenho Dinâmico vamos trabalhar com o modelo-vivo basicamente na forma de siluetas. A modelo – uma artista circence – veste malha preta e os alunos usam pincel e nankim sobre papel offset, kraft e similares de baixo custo.

A partir da terceira aula pratica-se o desenho de percepção das inter-relações figura/fundo, através do trabalho com tinta PVA branca sobre papel preto. Desta vez, os participantes devem fazer a modelo surgir no papel através da pintura das "contra-formas" ou do chamado "espaço negativo".

No Desenho Dinâmico não há espaço para hesitação, mas sim da intuição e da ousadia.

As poses são rápidas e a produção intensa: um mínimo de 30 desenhos em 2 horas, dos quais os melhores serão usados para trabalhos de livre criação.

As vagas são limitadas a apenas 7 pessoas e já estamos formando a turma que começará em algumas semanas. Restam poucas vagas e você pode reservar a sua escrevendo para estudiomarimbondo@terra.com.br .
Coloque no título do seu e-mail: "Desenho Dinâmico - Reserva de Vaga"

27.4.09

Dá até pra sentir o cheirinho de tinta...



Viva a impressão artesanal! Clap, clap, clap...

24.4.09

Um presente



Foi na última cúpula das Américas que Hugo Chavez presenteou Obama com o livro "As Veias Abertas da America Latina", do uruguaio Eduardo Galeano. O gesto catapultou imediatamente a obra para a lista de 20 mais vendidos da Amazon, o que deve ser interpretado como bom sinal: mais pessoas de língua inglesa tentarão compreender nossa América Latina (e a reboque os próprios EUA).

Dar livros de presente é sempre um gesto bem intencionado. Ponto para o venezuelano. E sorte para o Galeano.

Na verdade estou aqui para recomendar um outro livro, chamado "Livro dos Abraços". Encontrou-me numa lojinha no aeroporto em São Paulo junto com o Mercador de Veneza de Shakespeare. Entreguei-me à leitura deste último e guardei o Galeano para um pouco mais tarde.

"O livro dos Abraços" foi uma das minhas mais prazeirosas leituras recentes. Li-o a contagotas ao longo de várias manhãs, enquanto aguardava meu filho aprender a dar suas braçadas na aula de natação. Cada página traz contos e causos curtos, concisos, emotivos, mágicos até. As ilustrações em colagem são todas do próprio Galeano.

Começa com este:

"Um homem de uma aldeia Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
- O mundo é isso - revelou, - Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com uma luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas.
Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo."

(Me pergunto, que tipo de fogueirinha seria eu?)

Finalmente, o livro fecha sua última página com "A Ventania":

"Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara.

(É justamente assim que me sinto ultimamente: mais vento do que fogueirinha)

Informação e conhecimento

"A maioria de nós já ouviu dizer que estamos vivendo na era da informação. Já não somos fundamentalmente uma cultura industrial, mas de informação.

Vivemos numa época em que novas idéias, movimentos e conceitos mudam o mundo quase diariamente, quer sejam profundos e de importância, físicos ou mundanos, como o hamburguer mais vendido. Se há alguma coisa que caracteriza o mundo contemporâneo é a corrente maciça de informação e, pois, de mudança. Essa nova informação vem a nós por meio de livros, filmes, internet, como uma tempestade de dados para serem vistos, sentidos e ouvidos.

Nesta sociedade aqueles com a informação e os meios para comunicá-la têm aquilo que o Rei costumava ter: poder ilimitado. Como Kenneth Galbraith escreveu: "Dinheiro é o combustível da sociedade industrial. Mas na sociedade da informática, o combustível, o poder, é o conhecimento.

Vê-se agora a estrutura de uma nova classe dividida entre aqueles que têm informação e os que devem atuar na ignorância. Esta nova classe não tem seu poder no dinheiro ou na posse da terra, mas no conhecimento.

O que há de notável é que a chave do poder é acessível a todos nós. Nos tempos medievais, se você não fosse o rei, teria grande dificuldade em tornar-se um. Se não tivesse capital no começo da Revolução Industrial, as possibilidades de consegui-lo eram muito poucas. Mas hoje, qualquer rapaz de jeans tem condições de criar uma corporação que pode mudar o mundo. "

disse Anthony Robbins, o cara cujo blog está a um clique do título deste post. Veja a palestra dele no TED.

23.4.09

Dia de São Jorge



"...e eu estou feliz, porque sou da sua companhia..."

22.4.09

Era uma vez



O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo recebe até 21 de Junho a exposição "Era uma vez..". Com curadoria de Katia Canton, a mostra traz as visões pessoais dos contos de fadas por diversos artistas. Dentre os poucos ilustradores participantes, estão o meu amigo e mestre Rui de Oliveira e este que vos escreve estas retas linhas cibernéticas.

Estarei lá representado pela digníssima chapeuzinho vermelho abaixo, criada especialmente para o maravilhoso livro de Patricia Santos Marcantonio.

21.4.09

Artistas, este filme é para vocês


Há anos não vejo um filme tão bom! Roteiro impecável, atores excepcionais, e uma trama onde tudo se entrelaça em nós perfeitos.
E mais não direi.

16.4.09

Woody is king!

Assisti neste final de semana passada a "Vicky, Cristina Barcelona". Muito bom (e sensualíssimo!)

Encontrei esse filminho no You Tube e faço questão de compartilhá-lo aqui com meus 7 leitores.

13.4.09

Ora diabos!

Quem assiste novelas deve saber que no horário das 18h a trama global tem um enredo no qual uma certa figura de um diabo na garrafa tem papel de importância.



Paraíso é um remake de um sucesso do tempo em que eu fazia catecismo. Era o início da década de 80, e Kadu Moliterno era o caubói-galã " filho do Diabo", que queria conquistar o coração da doce, bela e recatada "Santinha", protagonizada pela atriz Cristina Mullins. Aquele embate entre polos opostos mexia com minha imaginação de tal maneira que, quando criança, meu sonho era saber tocar berrante só para enfeitiçar uma linda menina de olhos claros que morava na rua do meu primo...

O tempo passou, a cabeleira do Kadu foi-se embora, a santinha da minha infância pegou seu caminho da roça, depois eu virei ateu e... eis que no início deste ano caiu nas minhas mãos a incumbência de recriar o tal cramulhão na garrafa. Fiz uns 40 deles, e me diverti à vera colocando chifres na cara de amigos e parentes!



Acima alguns exus-caveiras e abaixo os estudos aprovados. Estes desenhos foram usados como guia pelo escultor que modelou o chifrudo que está naquela garrafa nas mãos do Reginaldo Faria (ali em cima, na foto do Jornal). O "concept" vai ser usado também para a construção do bicho em computação gráfica.



Mais detalhes só assistindo Paraíso. O coisa ruim aparece neste videozinho aí ó:



( e artista plástico é a PQP!)

Música de um virtuoso

Tem gente que traça sua passagem pela Terra de forma virtuosa.

Descobri o Michael Hedges quando era moleque, talvez uns 20 anos atrás. Foi num disquinho flexível de vinil que veio grátis numa revista Guitar Player. Desde então tornei-me fã da música dele.
Hedges deixou uma obra maravilhosa antes de partir.

12.4.09

18 de Abril é o dia


Em uma semana começo mais uma rodada do Diário Gráfico, a oficina de desbloqueio criativo que usa o livro como suporte.

Este curso já me levou para diversos cantos do país, Porto Alegre, Manaus, Fortaleza, Passo Fundo, Brasília, Recife, cidades onde pude compartilhar experiências e criar oportunidades para que muitas pessoas descobrissem por conta própria novas portas em seus processos criativos.

Muitas "amizades de infância" foram encontradas ao longo deste caminho, o que me faz crer ainda mais no "bom karma" que é criar estas pontes para que as pessoas atravessem.

O Diário Gráfico começou com uma turma de dois alunos e dois professores, eu e o Yomar Augusto, que partiu para a Holanda para estudar tipografia e virou cidadão do mundo.

Ao longo dos anos, o interesse no assunto só cresceu, a ponto de alguns alunos da PUC-Rio brincarem comigo dizendo que o Diário Gráfico virou uma "eletiva obrigatória" do curso de design daquela universidade...

Nem mesmo a massiva inserção das mídias digitais em nossas vidas apagou o interesse pelo potencial do mundo analógico dos cadernos. A prática de trabalhar naquelas páginas, seja para registro das fugazes idéias ou da banalidade cotidiana, seja como suporte para experimentação gráfica e conceitual, continua mais acesa do que nunca. Livres da promessa de redenção proporcionada pelo botão de UNDO, os indivíduos criativos nascidos na era do computador, arriscam mais, experimentam novas possibilidades, tomam contato com a fisicalidade dos materiais, e, neste processo, colecionam acertos, erros e acidentes felizes.

É justamente na possibilidade de encontrar-se com o acaso, o não-planejado, que enriquecemos a experiência de criar.

O espaço do Diário Gráfico aqui no Rio de Janeiro agora é na Gávea. O trabalho com pequenos grupos, em uma atmosfera informal, são fatores que reforçam a dinâmica do curso.

No início deste ano as Alarcrônicas sortearam um livro. Conforme prometido, as promoções continuam e esta mensagem é mais uma semente de "good karma" que lanço ao léu.

11.4.09

Aproveitando que a India está na moda...



A India está na moda e parece que foi por causa de uma novela.

Como aqui em casa ninguém assiste TV, não saberia dizer quão acurada é essa Índia da Globo. Conhecer uma cultura tão complexa através de uma versão tupininiquim-folhetinesca é certeza de equívoco.

Acho que nem os filmes de Bollywood (a indústria cinematográfica da terra de Shiva) devem ser confiáveis, e não me animei nem mesmo a ver o tal filme indiano que levou 8 oscar este ano. Neste fui influenciado pela declaração do Salman Rushdie de que era uma besteira. De vez em quando filmes servem apenas de companhia para um balde de pipocas.

Cresci lendo a National Geographic, e aprendi desde cedo a acompanhar com atenção as histórias contadas por gente que conviveu de perto com o seu tema, respirou o mesmo ar e pisou no mesmo chão dos personagens que retratou. Esse olhar etnográfico, sociológico, continua sendo o que mais me atrai quando escolho um documentário pra assistir.

Por isso aproveito a emergência do tema, e deixo aqui minha dica cinematográfica: Nascidos em Bordéis.

A sinopse no blog Cinerama diz o seguinte:

"Em 1997, a fotógrafa de origem britânica Zana Briski aventurou-se no bairro Sonagachi de Calcutá, conhecido pela sua prostituição. O seu objectivo era conhecer algumas das mulheres que aí trabalhavam e fotografá-las. No entanto, deu-se conta de que sendo uma estranha nunca conseguiria o seu propósito. Por isso, decidiu mudar-se para lá.

Como inesperada consequência, Briski acabou por formar fortes laços com as crianças do bairro, muitas delas não desejadas ou amadas. Na tentativa de as salvar da sua própria vida, a Tia Zana, como lhe chamam, decidiu ensinar-lhes fotografia e, entre a pobreza e o trabalho das suas mães (e, para as meninas, a inevitabilidade de um mesmo futuro), as crianças responderam de uma forma voraz e, em alguns casos, esta experiência mudou radicalmente as suas vidas.
Treinando a sua visão através da lente da câmara, as crianças aprenderam a ver o seu mundo de forma diferente e a sonhar com outras possibilidades".

Nascidos em Bordéis é um testemunho do poder transformador da arte.

Com a repercussao do filme, Zana Briski fundou uma ONG cuja missão é ensinar fotografia para crianças marginalizadas pelo mundo afora, como uma forma de estimular sua imaginação, aumentar sua auto-estima e, finalmente criar meios para que elas possam romper com os círculos viciosos de miséria que limitam suas vidas.

No site da Kids with Cameras vocês podem ver as fotografias destas talentosas crianças.

10.4.09