23.4.08

Salve Jorge


Salve Jorge, beleza?

Hoje, 23 de Abril é o teu feriado.

Sabemos que não existem dragões, e que no seu tempo não haviam dinossauros. Então de onde tiraram essa idéia?

Hum... entendo.

A iconografia tratou de colocá-lo matando um dragão simplesmente para ilustrar o combate às forças do mal. Certíssimo, um dever de todo cristão.

Pra dizer a verdade, essa história me faz lembrar muito do George Bush, um xará seu.

Jorge W. Arbusto, ou simplesmente George W., foi lá no oriente e, em nome da paz e da liberdade, passou a espada em um monte de muçulmanos malvados. Uma gentezinha desprezível que os irmãos americanos chamam pejorativamente de "cabeças de toalha". Malvados!

Jorge W. diz-se um bom cristão, um cara do bem. Os inimigos dizem que ele é um cruzado, como você, Seu Jorge da Capadócia.

Sabe Jorge, tua imagem anda meio superexposta em locais pouco ortodoxos. Todo boteco de quinta categoria, puteiro mequetrefe e terreiro de chão de barro tem um nichozinho de parede com uma lampadinha vermelha e você feito de louça barata pintadinha com esmalte. O que você, santo padroeiro da Inglaterra, anda fazendo nestes lugares?

Vejo-te também frequentemente em pingentes de ouro no pescoço de policiais e de traficantes de drogas... Juro que é verdade! Minha mulher tem um primo na polícia civil (que inclusive tem a maior cara de cerol), e o colar que o sujeito usa me causaria um empenamento da cervical. Haja ouro para tanta fé! Haja ouro para tanto medo da morte!

"facas e espadas se quebrem, sem o meu corpo tocar...eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge...".

Agora eu vou ouvir um Racionais MC's pra espantar a urucubaca!




O desenho colorido lá de cima é um detalhe da capa de um rei matador de dragões. O croqui eu abandonei porque achei muuuito violento. Foi publicado no livro "História Meio ao Contrário", de Ana Maria Machado. Para ver a ilustração completa visite o meu site na seção Portfolio>Livros infantis>imagem 12)

21.4.08

A morte do jornal?

O futuro mostra nuvens escuras para os jornais impressos. É verdade, passados mais de 300 anos desde que saiu o primeiro jornal, esta mídia dá sinais de que está chegando aos estertores.

Vejam os fatos:

Em apenas 4 anos, os principais jornais impressos dos Estados Unidos acumularam uma queda de circulação diária da ordem de 1,4 milhões de cópias, acarretando numa perda geral de 10% da circulação. Gigantes como New York Times e Los angeles Times somam juntos 27% de perdas em circulação diária entre Setembro de 2003 e Setembro de 2007. Somente o San Francisco Chronicle perdeu 28.8% de sua circulação diária neste período.

Alguns não acreditam que os jornais impressos serão substituídos pelos jornais online, ao comparar as receitas de ambos os formatos. Os primeiros tiveram uma queda de 10% numa receita de US $10 bilhões, enquanto a receita dos jornais online está na faixa de US $ 0,8 bilhão.

Embora os jornais estejam perdendo leitores no formato impresso, muitos estão ganhando leitores em suas versões online. Se por um lado as receitas dos jornais impressos caíram 10% , as receitas de suas versões online subiram 21% nos últimos anos. O The New York Times, por exemplo, possui 13 milhões de leitores online e 1 milhão de leitores do jornal impresso, porém essa minoria de leitores do jornal impresso são responsáveis por 92% do seu faturamento.

Os jornais, impressos ou virtuais, ainda estão aprendendo a adaptar-se à uma nova realidade, onde sua influência e poder estão cada vez mais diluídos diante da imensa oferta de informação gratuita na internet.

Sempre que me telefonam para vender assinaturas de jornal, sou pego desprevenido naquele cabo de guerra com meu interlocutor. Desfio uma trama de desculpas para não assinar, digo que não tenho tempo, que não quero um mês de graça na minha porta, que não aceito brindes, bonecos de pelúcia nem ingressos para os jogos do campeonato brasileiro. Nada disso cala a pessoa do outro lado da linha. Percebo que somente um argumento faz com que ela desista de tentar me convencer:

"Obrigado, não quero assinar seu jornal. Leio notícias somente pela internet"

Sempre, sempre mesmo eles agradecem a atenção e se despedem. Parece que na cartilha dos vendedores não há contra-argumentos para este fato.

16.4.08

O Golem



O folclore judaico é muito rico em lendas e narrativas, mas poucas são tão fascinantes como a do golem. Segundo a lenda, estas criaturas feitas de barro ganham vida quando a mágica de Deus é assoprada em suas narinas. Aliás, Deus já fazia suas criaturas assim desde o tempo de Adão.

No Talmud, (coleção de textos de sábios judeus) existem referências a rabis criadores de golens, sendo a principal aquela protagonizada por um rabino de Praga, Judá Loew, que viveu no século XVI. Naquela cidade, os judeus viviam no gueto e eram constantemente atacados. Para defendê-los, Judá Loew fez um golem, escreveu na testa do boneco a palavra a palavra Emet (“verdade”, em hebraico) e, através de conhecimentos ocultos da Kaballah injetou vida na criatura.

Diz-se que o corpo daquele golem checo ainda está no sótão de uma tradicional sinagoga de Praga...brrrr. Preciso conhecer Praga para averiguar melhor essa história.

Acabei de ilustrar uma versão muito brasileira da lenda do Golem. A história, voltada para o público infanto-juvenil, acontece no bairro do Bom Retiro (aquele mesmo do filme O dia em que meus pais Saíram de Férias) e vai sair publicada pela Edições SM no segundo semestre.

A cada livro aprendo mais e mais sobre a maravilhosa cultura do povo judeu.

10.4.08

Figurinha Carimbada

Figurinha Carimbada é sem dúvida um dos melhores textos para crianças que já ilustrei. Bem construído, sensível, envolvente e emotivo, o livro conta a história de seis meninos, cada qual lidando com suas perdas pessoais e as transformações por elas trazidas.



Este projeto começou com um telefonema do escritor e diretor teatral Márcio Araújo, de São Paulo. Ele havia comprado o livro Pedro e o Cruzeiro do Sul para uma sobrinha e gostou tanto do que viu que resolveu me procurar pela internet.



Conversamos rapidamente ao telefone e ele perguntou se podia me enviar um texto de uma peça infantil que ele estava escrevendo. "Claro, manda pra cá", eu disse.

Quando terminei a leitura, liguei de volta:

"Márcio, eu quero ilustrar seu livro! Vamos encontrar uma editora para ele."

Apenas 3 histórias estavam prontas àquela altura.

Sem saber muito ainda da vasta experiência do Márcio como escritor para teatro e TV (vai no site dele ver!), me impressionou um talento daquela qualidade ainda não ter nenhum livro publicado. Era mais do que hora para começar.

Finalmente recebemos o OK da Editora Girafinha e o livro nasceria. Mas os planos do Márcio eram um pouco maiores: o livro deveria sair junto com a peça teatral. E, para encurtar uma historinha longa, foi justamente isso o que aconteceu no dia 5 de Abril no Teatro Alfa de São Paulo.






Embora a utilização das ilustrações tenha sido muito pouco explorada no projeto editorial (bem, infelizmente esse é o "estilo designy" da editora), tive a alegria de ver meus desenhos sendo amplamente usados na adaptação teatral (em cartaz no Teatro Alfa, em SP até Junho de 2008).

O escritor, diretor, ator, cenógrafo (e que mais, Márcio?), contou ao final da peça que as ilustrações foram parte fundamental do processo de criação daquele trabalho, sendo usadas desde na decoração do camarim ( "para inspirar os atores"), na identidade dos personagens, passando depois pela criação de bonecos, indumentária, cenários e finalmente no programa cheio de figurinhas auto-adesivas.





Vale destacar a presença dos super talentosos atores Miró Parma e Tânia Paes, que acompanham Márcio em cena. O trio consegue cativar a platéia de pais e crianças, que riem e se emocionam juntos com as histórias destes meninos.

Coloco aqui, especialmente para quem foi assistir à peça, as diversas ilustrações que, embora não tenham saído publicadas no livro, foram mostradas em uma mini exposição no saguão do Teatro Alfa.

Esse é o Cauê (e seu amigo Caio)




Esse é o Guilherme


Tem mais uma do Guilherme aqui ó.

Esse é o Luis Felipe




Conheçam o João





Esse é o Marquinhos






Tem mais uma do Marquinhos aqui ó.

E, finalmente, apresento-lhes o Ícaro






O livro  foi lançado em São Paulo no dia 16 de Abril de 2008. No dia encenaram até um ato da peça ao vivo.

7.4.08

Quem é esse cara?


Detalhe super ampliado de um trabalho recente, todo feito em bic. Para uma campanha publicitária de telefonia.
Sairá numa página dupla na revista Zupi.
Uma dica: para saber quem é clique no título

3.4.08

Saindo do forno



Mais um projeto saindo do forno. Mais uma parceria com o escritório DDesign, desta vez envolvendo o redesign do restaurante Familia Paludo, em Niterói. Na foto acima, pode-se ver o tapume que, por apenas uma semana, escondeu as transformações que ocorriam a toque de caixa no interior.

(Abaixo um detalhe do painel de 9 X 4 m, instalado no interior do novo restaurante)



A família Paludo tem origens gaúchas (cidade de Ronda Alta), aquela coisa de crescer com o pé no chão da fazenda e, por isso, todo o conceito do projeto sugere esta noção de tradição, familiaridade, herança cultural e raízes históricas.



Como material de pesquisa os proprietários do restaurante me forneceram cartas pessoais de família, fotos antigas, documentos e também solicitaram aos seus parentes do sul que enviassem de lá carimbos dos mais diversos tipos.



De posse deste material, trabalhei algumas composições inspiradas numa colagem que tenho em meu sketchbook. Aliás, desde a primeira reunião com os clientes, levei apenas meu sketchbook "Linen" e mostrei suas páginas com colagens combinadas com desenhos e aquarelas.

Lembro-me bem que em uma das reuniões no próprio restaurante, perguntei a um dos Paludos, "mas porque vocês vão reformar? O interior está impecável ainda!"
Ele respondeu:
"Tá na hora. Já são 8 anos com essa cara e os clientes se cansam."
Visão empresarial é isso.



Os donos do restaurante Família Paludo têm uma história pessoal das mais interessantes. São irmãos, vêm de uma origem simples e sem luxos, têm pouco menos de 40 anos de idade, e, antes de abrirem seu próprio negócio, trabalharam como lavadores de copos, e depois garçom e maitre em uma famosa rede de restaurantes do Rio de Janeiro.

Como acontece nas incríveis lendas de sucesso empresarial, começaram seu primeiro negócio juntos com uma pequena pizzaria que oferecia qualidade e entregas rápidas. Com muito trabalho e visão de futuro foram galgando degraus até chegar ao lugar em que hoje se encontram.
Hoje Niterói possui 3 excelentes restaurantes dos irmãos Paludo.

Boa sorte para eles!